16 de janeiro de 2017

mais um dueto com essa maravilhosa poeta Aline Keindel que descobri virtualmente e que grande alegria tem me dado!! Divirtam-se!

AMÉM!

Foi um daqueles términos
de algo que nem tinha começado
Com coração despedaçado
Aceitaram sem mais brigas o desatino.
Um aqui, outro acolá
A distância fez-se métrica
A paixão que é elétrica
revoltou-se, não morreu
Vou ligar mais uma vez
ver se a moça me esqueceu
Ela atendeu e moderada
foi amiga, a desgraçada
- Oi, como está você?
-Não precisa responder.
Aguardando o implorar
recebeu como resposta:
- Estou bem,
bem mais composta.
Sem saber o que fazer,
o moço se descabelou
Sem mais graça disse adeus.
Perdeu-a pra sempre.
Benzadeus!

ALINE KEINDEL


Talhado de fantasia
O amor fez-se grumos
quase queijo
Sem aprumos
Suplicou pelo beijo
E outros rumos

ROBERTO MIBIELLI


O rumo já foi decidido
do queijo eu tiro a goiabada
Romeu sem Julieta
Nova jornada.
O beijo posso até dar
em outra boca,
pro seu azar.

ALINE KEINDEL


Nada no reino
Nem na morada
O que fazer quando
O clown perde a amada
É mister fazer-se disfarçar
De outra boca outro par
Só assim pra novamente
Seu beijo provar

ROBERTO MIBIELLI


Os meus beijos já verteram
todo mel pelo teu corpo
Gananciosos esses lábios
também sugaram teu anticorpo
E hoje assim, todo estendido
sem força nem ânimo
um animal sofrido
te deixo, você que já me deixou
Vá ser de outra um marido.

ALINE KEINDEL


Não me queira de outra marido
Que me sinto traído de mim a mim
Se deitado e esvaído
forneci contraveneno
Foi pelo sereno que bebemos
todos esses anos
Ainda assim despachado
Entregue ao outro lado da força
Procuro quem distorça minha face
E me trace um outro perfil que te encante
Se não posso ser esposo
ao menos amante
E se pareço infame em meu desejo
e proposta
É que o mal de quem gosta
Nunca foi a sinceridade
Esse é o mais ledo engano

O amor é desumano

ROBERTO MIBIELLI


Desumano foi o que você fez
Desistiu da minha noite
Esqueceu-se que na escuridão
Sob as estrelas, eu tiro o açoite
De qual sereno você fala
Se vivemos em convulsão?
E por vezes me pergunto
Não era pelo sexo, nossa pulsão?
Façamos esse compromisso
Que eu te quero sem te querer
O anel já foi pro vaso, o desejo insubmisso
Teu corpo mais uma vez vou transcorrer
Encontre-me lá pelos becos caídos
Não me dê mais beijos com bafo de cerveja
Sabendo que de futuro estamos destituídos,
Levante meu vestido sem que ninguém veja.

ALINE KEINDEL


Quem entre nós gostava da aventura
Dos olhos alheios adivinhando os passeios
De nossas mãos e pés sob a mesa
Quem de princesa quando a noite iniciava
Me viciava na escrava depois da hora do parabéns
Quem buscou mil reféns imaginários
E os amarrou sob as estrelas nos meus ouvidos
E nos tornou feridos de tanta injúria e desejo
Sim vejo que nada de simples há mais no sexo
Nem nexo em buscar outra essência
Em que me banhar que não a sua
Que seja novamente indiscreto
E que seja em plena rua

ROBERTO MIBIELLI


Cadê você que não te vejo?
Vim com a saia sem a calcinha
A minha blusa é de alcinha
Tudo o que gostas, pro seu festejo
Já é tarde da noite
Os bêbados saem do bar
O frio começa a doer na pele
Olho para os lados. Você não está
A raiva invade o meu coração
Briga espaço com a humilhação
Sabia que era cilada
Mais uma vez,
Abandonada

ALINE KEINDEL


Detrás do poste apagado
Embriagado de tua cor
Achei melhor me acovardar
Era tanto amar e esperança
Que entrar na dança podia ser meu fim
Doava um rim pra ter-te novamente
Mas imediatamente me sabia aprisionado
Fui ficando ali sem lado que vencesse
Sem que pudesse chamá-la e me submeter
Foi nesse ser não ser que para meu terror
Você se foi em dor e pranto
Enquanto eu ali parado
Continuei atrás do poste
apagado

ROBERTO MIBIELLI

Um comentário:

Aline Coutinho disse...

Sai das redes, mas sigo te perseguindo por aqui. (A.)