16 de janeiro de 2017

Diálogo em dez tempos - Aline Keindel x Roberto Mibielli

I
À vezes
tem 'likes' que vêm
como metralhadora.
Fuzilam meu coração
e eu fico toda boba.

II
Quando te laico
Por atacado
É porque te quero impura
Dona de todo pecado

III
Pecado é meu sobrenome
Se não acreditas, meu homem
É porque ainda não te fiz sofrer
É no gozar que virá teu perecer

IV
Se a laika foi a espaço e voltou
Se minha pele em você pensou
Antes de mim e do meu gostar
Porque não nos seus braços ressuscitar

V
Há algo estranho no meu abraçar
Coisa que foge do meu controle
É casa ou tormento que pode desgraçar
Tudo depende como em mim cê se cole

VI
Colo como ventosa e chiclete
As vezes sugo tudo noutras estico e puxo
Mas não se preocupe com esse bruxo
Meu amor também é meio bandido meio pivete

VII
Pro bandido eu grito: “pega ladrão”
E faço de minhas pernas uma grande prisão
O pivete, danado, eu pego no colo
Sussurro no ouvidinho e quebro o protocolo.

VIII
De protocolo quebrado
E dessas lindas pernas aprisionado
Só me resta celebrar o aconchego deliciado
E me fazer néctar e flor para seu agrado

IX
É assim que te quero
Completamente submisso
No quarto, horizontal bolero
Vão indagar teu sumiço

X
Mas há uma condição primordial
Para que se complete o feitiço
Há de ser amplo o tragar e total
E que seja dentro de você o sumiço

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