16 de janeiro de 2017

Tomo-te como minha
bela recatada e do lar
Mar de cera e maquilagem
Calafrio do meu membro
Já catequizado e pálido
Penso noutra e cumpro
Minha obrigação carnal

Não leve a mal o desvio
Não há pavio que acenda
Nesta vela congelada
Procuro não pensar

No seu pé esquerdo erguido
Na pose da mulher que beija
O marido pela manhã
depois do café e cheira
a pasta dental e sabonete

Quem raptou o perfume
Da nossa juventude transviada
Quando nos tornamos
Criaturas de plástico
E o gosto do sexo nos abandonou

Qual o sentido de não transgredir
De não dizer baixarias
De não sobre a mesa ou na sacada
Para que o mundo fique com os ions
Ligeiramente erotizados

Agora há pouco vi adolescentes
Que se agarravam no parque
E tive intensa vergonha
Não do que faziam e deixavam ver

Mas dessa nossa maldita falsa moralidade

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