25 de fevereiro de 2016

Hoje pari um sonho
E como sou muito afeito ao real
Senti doerem os dentes da alma

O exame pré natal não acusou
Mas o sonho estava virado no ventre
E nem a fórceps queria sair

Era um gordo sonho natalino
De familia burguesa reunida à mesa
E veio me rasgando cada laivo de consciência

Da fome no mundo das bocas desnutridas
Dos refugiados tentando ser gente
Da gente matando sonhos com medo da dor
Da vida das fadas que precisam de quem acredite
Da poesia minha pobre e mirrada amiga flor
Que já havia nascido no asfalto um dia

Então juntei um resto de coragem
E desmaiei trazendo ao mundo
Um sonho bobo
Menor e menos importante que um pedaço de pão
Que um pedaço de chão pra plantar

Mas descobri que meu lugar no mundo é ali
Parideira-homem de sonhos que não posso sustentar só
Mas que entrego com prazer para adoção

Poema em homenagem e resposta ao poema que chamei de "O matador de sonhos" do Poeta Devair Fiorotti publicado hoje à noite.

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