25 de fevereiro de 2016

POEMA ÉBRIO

Quantas vezes um poema vai à lua e cai
E em quantas delas o poeta está à bordo
Quantas vezes um poema se distrai
Se deixando engolir pelo torvelinho do dia a dia
Quantos sonhos pode sonhar
E quais ele transforma em pesadelos
Será que apenas da carne dos amantes
Se faz sua materialidade histórica
E ipês e orquídeas não podem ser poemas
Quem disse que uma oração fervorosa
É apenas um pedido egoísta diante do belo
Por que não foi escrito que saber mentir
É saber muito mais sobres as verdades
Não me ameacem com o lirismo da vida
Sei que poetas costumam criar tipos pra si
Ou se deixam seduzir pelo nunca mais
Sei que esta lua e esse conhaque
Me botam comovido mas aos diabos
Não estou aqui para ser rima nem solução
aqui estou porque as manhãs existem
Mesmo depois que as noites insones
Acabaram com toda esperança
Menos a cachaça

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