25 de fevereiro de 2016

Quando a poesia perdeu o jeito
Chico Buarque foi desfeito
Em plena rua
E as mulheres de Atenas
não puderam mais se representar
Quando a poesia já sem compostura
Escapou à censura
Não havia motivos a desencantar
E o cotidiano de Chanel número cinco
Veio para a rua inversos desaforar
Quando a poesia foi espancada subjugada
A barbárie de colarinho estava passando
E seu desejo suástico
Mastigava cáustico
qualquer possibilidade de modinha
Quando a poesia foi dita comunista
João e Maria já não podiam sonhar
Rotulados amarrados espancados
Pelo não saber de quem preferia
pedir ao pai que afastasse o cálice pra periferia
Quando a poesia já fatigada
Chegou em casa depois do batente
Veio tenente coronel e até general
travestidos de civis sem civilidade
E ela foi empurrada pela amurada
E morreu na contramão atrapalhando o tráfego

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