25 de fevereiro de 2016

POESIA IMPROVÁVEL DE CARNAVAL
A bezerra morreu no cio da repressão
Não brincava carnaval nem dizia sim nem não
A bezerra vivia sua necessidade de ser pura
A pureza gritava dentro dela querendo
O jorrar de suas tetas nas bocas dos foliões
A bezerra tinha tensão nos bicos dos úberes
O bumbo fazia seu coração saltar
Empurrando tudo mais pra fora do altar
Que era sua carne quase suína de desejo
Mas ela mazela sua negava o beijo do asfalto
Negava o salto da vitela para o espeto
Negava papo reto de couro estendido
Negava ao ouvido os elogios à sua composição
Olhava tudo aquilo como estouro da boiada
Sentia-se deslocada os quartos balançando
No máximo se permitia amaciar o filé mignon
Morreu na mão do megarefe matador
Novilha da silva sem nunca ter vaca sido
E nós choramos sua morte
Bezerra volte

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