31 de janeiro de 2015

Desejo é coisa de quem quer
Não é só coisa de homem e mulher
É coisa de flor que se oferece
Ao sol e ao beija-flor que passa
É coisa da água essa devassa
Que a todos sacia e que deseja o mar
É como querer ter um lugar
Para receber amigos e parentes
É como beijos de crianças inocentes
Que só desejam dar às gentes felicidade
É essa vontade louca de abraçar o mundo
E dizer a qualquer um mesmo num segundo
Que viver é lindo e sempre há esperança
Por mais ridículo e piegas que pareça
Desejo é coisa da cabeça
mas também é do corpo que dança
Dos dedos que tamborilam da voz desafinada
Das coisas escondidas mesmo as que todos sabem
Desejo é polissêmico polifônico tudo e todos cabem
Até o da moça tímida de ser perdida e encontrada
Desejos às vezes são mesquinhos pequenininhos
Chegam a ser engraçados
Dominar a lua ter todos os três porquinhos
Fazer pequenas maldades ou ser vitimado
Conquistar a grande montanha do El dorado
Ler as bibliotecas da Alexandria e do vaticano
Ser o cara da vez e nunca entrar pelo cano
Desejo é vida e também libido
Desejo pode ser indefinido
feliz
especial
Alegre
Triste
Abranger tudo e nada
Tem desejo que ainda nem existe
Tem desejo que se renova
E que por isso prova
Que algo é desejado o tempo todo
Através das horas dias meses anos
Enganos
Aliás passei pra dizer que desejo a meu modo
O seu desejo

Que tenhas um ótimo Ano novo e que o desejo prova do genio da insatisfação e da inquietude humanas seja ainda mais forte pra ti em 2015
E que de vez em quando quando for bom e oportuno cumpra-se

Nenhum comentário: