(a pedidos)
se já fui
e não voltei
tudo rui
agora sei
Este é um blog de poesia. Mas, como o título indica, não de poesia comportada e/ou confessional que existe pelaí... Nada temos contra esse tipo de poesia, mas queremos provocar o "Pô!?" nos que nos lêem. Aquele ângulo irreverente... aquela resposta desconcertante... é isso, uma poesia que, sem surpresas, tenta ainda surpreender... Se conseguirmos, tudo bem. Se não, ao menos tentamos (e nos divertimos). Se gostou, una-se a nós. Siga o blog, comente e divulgue. Arte ao fundo de Francisco Mibielli
27 de junho de 2013
24 de junho de 2013
BALADA DO DESENCANTO
Estranhamente o homem
curvado
não sentia apenas a
dor da pancada
sentia no corpo toda
dor do mundo
e na cabeça uma tristeza
ampliada
pelo sofrimento de seus
camaradas
Internamente o homem alquebrado
não sentia as próprias
vistas toldadas
ainda tentava entender
tudo admirado
com o calor dos olhos
apimentados
esteticamente o homem da barricada
era um conjunto de
membros dobrados
estranha aranha tosca
quase esmagada
fugindo de si para o
calor da calçada
penosamente pobre homem improvisado
nadando vermelho no
sangue espalhado
era menos ameaça à
ordem constituída
historicamente o homem fotografado
na intimidade daquilo
que acreditava
queria uma vida melhor
a que levava
com muito amor e um céu
enluarado
um violão cantigas de
povo educado
Em sua mente cavalgando na utopia
esse homem pensava
salvar a minoria
do jugo da galhofa e do
preconceito
mas de revolução não entendia direito
repetiu coisas
estranhas e sem sentido
dessas de fazer rir e
de doer o ouvido
abaixo os partidos ele mesmo partido
ao meio no meio do
meio-fio rachado
abaixo tudo e querendo
tudo abaixado
não percebeu ser instrumento contrário
à revolução
pretendida e tão sonhada
suástico em sua triste pequena jornada
incorporou o mártir do
golpe nazifascista
e nesse dia tornou-se
capa de revista
pensando bem no triste
homem derrotado
e nessa coisa de fábula
ter apenas animais
penso que ainda assim
nunca é demais
tirar daqui uma lição
e um bom recado
se for fazer protesto só por estar entediado
é melhor ler qualquer
livro mais adequado
que ganhar jogando e
defendendo time errado
13 de junho de 2013
Por inusitado e pouco
poético que pareça
no íntimo em segredo
ela queria o cavalo
não queria flores
nem o príncipe encantado
não queria doces
desses de confeitaria
queria ser cocheira
ter a equínea dimensão
do amor indelicado
e ter nas suas ancas
a marca dos cascos
a brutalidade dos ascos
esquecidos com a civilidade
queria mais que um namorado
queria pegada de verdade
poético que pareça
no íntimo em segredo
ela queria o cavalo
não queria flores
nem o príncipe encantado
não queria doces
desses de confeitaria
queria ser cocheira
ter a equínea dimensão
do amor indelicado
e ter nas suas ancas
a marca dos cascos
a brutalidade dos ascos
esquecidos com a civilidade
queria mais que um namorado
queria pegada de verdade
DIA DOS NAMORADOS À MODA DE NELSON RODRIGUES
Não tinha namorado
Só sabia do amor aquilo
Que um querubim sarcástico
Segredava afirmando caustico
Que não teria nem amantes
Desesperada agarrou o tal cupido
E deixou vazar tudo de uma vez
Ele foi visto por último
na floricultura hoje bem cedo
Só sabia do amor aquilo
Que um querubim sarcástico
Segredava afirmando caustico
Que não teria nem amantes
Desesperada agarrou o tal cupido
E deixou vazar tudo de uma vez
Ele foi visto por último
na floricultura hoje bem cedo
7 de junho de 2013
Entrou pela porta
Num dia vermelho longo
Longilínea ela toda pescoço
Bailarina de si e dos seus pensamentos
Pisoteava olhares com uma indecente
Indiferença inocente de quem não sabe
No que pisa quando parece flutuar
Não dançou
Não cruzou as pernas
Nem sequer bebeu da melhor cachaça
Acendeu seu cigarro
E criou uma atmosfera ainda mais viciada
Ao seu redor
Depois levantou
Pagou pelos tragos
E saiu pelo mundo sem pertencer a ninguém
Exatamente como as aparições fazem
5 de junho de 2013
Exalta cada favo de corpo que tua alma
Sorveu em busca da eternidade perdida
Escolhe um glorioso nome para cada
Canto de chão no qual tua dor se deixou
Cavalgar pela dor febril de outro alguém
Costura estrelas nas bandeiras dos olhos
Tristes de tanto fitar o solitário mar
Do exílio da pessoa amada ou por amar
Tira disso as imaginárias paragens
Onde supostamente canta a sabiá
E terás a pátria pela qual lutar todos
os dias pária que és nesse país
de corruptos, tristes e indiferentes
Sorveu em busca da eternidade perdida
Escolhe um glorioso nome para cada
Canto de chão no qual tua dor se deixou
Cavalgar pela dor febril de outro alguém
Costura estrelas nas bandeiras dos olhos
Tristes de tanto fitar o solitário mar
Do exílio da pessoa amada ou por amar
Tira disso as imaginárias paragens
Onde supostamente canta a sabiá
E terás a pátria pela qual lutar todos
os dias pária que és nesse país
de corruptos, tristes e indiferentes
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