27 de janeiro de 2013



Taí foi dos olhos dela
Que nasceu a paixão do poeta
pelo vento e pela janela
E foi nessa cor desmesurada
Que fez a proeza mais delicada
Um Ícaro de sonhos e desejo
Deixando-se tragar num lampejo
Lágrima de cera daquele olhar
Já fiz milagres de sarapantar
Andei sobre as águas do teu olhar
Olhei para trás e não virei sal
Transformei vinho em carnaval
urina e recordações emborcadas
E nos fiz ressuscitar tantas ocasiões
Das pequenas mortes intensificadas
que creio que as cicatrizes e lesões
de minha vida beata e santificada
são uma pena que deve ser ex piada

25 de janeiro de 2013



Sem a palavra não
Haveria a solidão
Sem a não palavra não
Não haveria palavra não
Mas a palavra não copula
Com um sim que a ela
Acompanha toda vez
E nasceram os talvez

24 de janeiro de 2013

A escuridão dá voltas
na fumaça do alguidar
todas as pontas soltas
da minha dieta de ar

despontam no oceano
de estrelas como beijos
na pele arrepiada de engano
tudo são engodos e desejos

todos os latejos pelas bordas
todos os acordos e as cordas
que me sustém mirabolando

estão acordados em fervura
e fazem parte dessa loucura
chá que bebemos suspirando

22 de janeiro de 2013


  • Acordar com o gosto
    Da tua ausência na boca
    Escrever nas paredes do mundo
    Que os sonhos têm teu perfume
    Manter as cobertas protegendo
    O calor da memória
    É o que me faz querer
    Ficar na cama um minuto
    Ou dois a mais toda manhã