28 de julho de 2012

No dia em que minha alma adolesceu

Deixou de ser perfeito o amor

Tomado com olhares e gosto artificial

de uva ou chocolate no intervalo das aulas



Mesmo assim amei com pernas e bocas

como podia

fui me deixando amar como as pedras

que rolam com o som diferente

das bolinhas de gude se entrechocando



E fui percebendo

que mesmo as pedras param de cair

começam a amar de lado

à prestação como quem compra geladeiras

fogões e carros de concessionária



Ainda aí amei com as floriculturas

as fraldas e uma sensação de incompletude

que me amava também segundo dizia



Depois quando via o amor entre compromissos

comecei a achar que tinha vícios

vicissitudes e outros quitutes do engordar

mas não tinha o mesmo paladar

de tempos idos

os temperos estavam perdidos

os gostos mudados



A verdade é que à medida que

a impossibilidade aumentava

me via mais e mais a lembrar

do gosto real que havia de uva

chocolate ou chuva 

bebidos com olhar



hoje o amor tem o gosto

disso tudo

e me perco pensando

em como é difícil amar

e ser amado

Foge comigo

Foge comigo

Vem ver quem fui

Quem fomos

Antes do infinito



Foge comigo pra além

De Pasárgada onde os vagalumes

São funcionários públicos

E iluminam a vida por profissão

E a razão não está com quem tem

Mas com quem faz

Seja o que for que seja feito

Como uma mão no peito

Que deve por pudor ser retirada



Foge comigo ainda que por um segundo

E incendiemos o mundo

Com a noção do proibido

Dos desejos que podemos ocultar

do lar de sonhos que somos juntos

E dos assuntos que não podemos falar

Sem invocar o impossível



Foge comigo pra dentro de nós

E solte a voz da montanha

Em seu vôo sobre abismos

libertando os sobressaltos que temos

dos nossos medos e cismos



foge comigo naquele bonde

de pernas em que o conhaque

nos põe tão sensíveis e desesperados

que o coração de todos os lados

e infinitos desce da lua onde se esconde

e no seu condado se torna Sade




foge comigo ainda que um dia

a gente se arrependa

da irresponsabilidade

e diga com vontade

que tudo não passou em vão

mas foi um sonho

de uma noite de verão

18 de julho de 2012


SONETO DA PRIMEIRA VEZ

Atrás da retina existe a menina
que não quer encontrar o mundo
assustador vasto e profundo
espaço de desencontros e sina

Segue tímida e armada
para enfrentar o dia a dia
sempre temendo a euforia
dentro do corpo abismada

Mas o amor este belo fato
torna qualquer um insensato
e a menina arrisca olhar cá fora

tudo nela treme e apavora
e ela sai de dentro do vestido
mais um botão aberto e um gemido...

17 de julho de 2012


Toma teu poema imundo
de sexo
de amor
e baboseiras de jardim

Toma ele assim
jogado na cara
esparramado no chão
as rimas rolando
na lama donde não deviam ter saído

Toma como se fosse
o gole do porre
ou xarope pra tosse
que te acomete
como aos poetas tuberculosos de romance

Faça dele a gilete
corte os pulsos da realidade
reinvente a mediocridade
do dia a dia

Faça-se poesia


Poema para o poema da Sonyellen in http://www.facebook.com/sony.ferseck/posts/506537846028080?comment_id=116357434&ref=notif&notif_t=like

13 de julho de 2012


Amo quebrar as paredes
do mundo com você
deitar abaixo velhos conceitos
e preconceitos
fazer descrer verdades
e pensar as metades
como o máximo da acumulação

Gosto de esconder seu gosto
nos cantinhos do mundo
e deixar nosso cheiro
protegendo o ozônio
da camada
e nonada escolher palavras estranhas
que revelem seu lado meu das entranhas
que mesclamos

Preciso demolir a cretinice
dos moralistas com minhas sandálias
tipo franciscano
e dizer que foi engano
quando ligarem do manicômio
explicando terem encontrado um id perdido

Você precisa voar acima dos sonhos
e me deixar cair todos os tombos
pra me livrar do frio na barriga
quando seus olhos
recebem os meus

Nas tardes de chuva
quero deixar que seus dentes
maltratem a minha orelha
me fazendo acordar aninhado
nas suas mandíbulas

Quando o mundo vier cobrar produção
devemos ser claros firmes e diretos
sobre a razão na nossa revolução
Só o amor é que nos mantém vivos

O mundo parou
pra ver o movimento
enlouquecida pelo corpo adentro
toda essência e luz
agia como quem conduz
embriagada de fusão
cometas à explosão

10 de julho de 2012


Teu cheiro em mim
me transforma
em calor e eternidades
me transtorna
em amor e obscenidades
me faz querer tomar
todas as cidades
do teu corpo
todo universo
desse olhar lindo
e com eles repovoar
a solidão do mundo