Quando ela sonhava bigbangs
O mundo balançava nas tetas
Do universo e o verso da palavra
Que fez a luz era um grito escuro
De um prazer intenso e morno
Quando ela ganhava bigbangs
O lácteo das veias em vias
De talhar criava atalhos e retas
E fazia dias e noites girarem
Alucinada e sistematicamente
Quando ela brotava em bigbangs
Trazia no torso hirto gangues
De planetas e alcatéias de cometas
Que uivavam nos seus divinos
Olhos de fazer chover estrelas
Este é um blog de poesia. Mas, como o título indica, não de poesia comportada e/ou confessional que existe pelaí... Nada temos contra esse tipo de poesia, mas queremos provocar o "Pô!?" nos que nos lêem. Aquele ângulo irreverente... aquela resposta desconcertante... é isso, uma poesia que, sem surpresas, tenta ainda surpreender... Se conseguirmos, tudo bem. Se não, ao menos tentamos (e nos divertimos). Se gostou, una-se a nós. Siga o blog, comente e divulgue. Arte ao fundo de Francisco Mibielli
24 de junho de 2012
18 de junho de 2012
14 de junho de 2012
Do gosto mais hostil
do outro fez-se o beijo
e a compreensão repentina
de que não podia
mais viver só
Então reuniu sua carne
em torno deste objetivo
e foi aos poucos se fazendo
fluido e ideia
penetrando insinuando
Até desaparecer
num amálgama de prazer
e dor em cada detalhe
em cada entalhe
daquela estranha construção
Mesmo assim sua solidão
estava lá guardada num canto
na obscuridade que não
interessava conhecer
No início deixava-se levar
nas veias como quem navega
o impreciso mas necessário
Depois da familiaridade
foi aos poucos flutuando
para além de si rumo ao profundo
e percebeu que amar
era fácil e comum
Bastava se espalhar
se apropriar
se transformar
fantasiar
no outro
do outro fez-se o beijo
e a compreensão repentina
de que não podia
mais viver só
Então reuniu sua carne
em torno deste objetivo
e foi aos poucos se fazendo
fluido e ideia
penetrando insinuando
Até desaparecer
num amálgama de prazer
e dor em cada detalhe
em cada entalhe
daquela estranha construção
Mesmo assim sua solidão
estava lá guardada num canto
na obscuridade que não
interessava conhecer
No início deixava-se levar
nas veias como quem navega
o impreciso mas necessário
Depois da familiaridade
foi aos poucos flutuando
para além de si rumo ao profundo
e percebeu que amar
era fácil e comum
Bastava se espalhar
se apropriar
se transformar
fantasiar
no outro
13 de junho de 2012
poema molhado pro dia após o dia dos namorados
O dia dos namorados passou
e um poema não foi publicado
a sua carne mais branca
amassada de travesseiro
esperando a tinta do desejo
quedou-se na lata de lixo
da inutilidade simbólica
Os orgasmos abandonados
na prateleira mais alta
dos sons animalescos
esqueceram de existir
Os cheiros da importância
do outro na existência do eu
a vaca do tempo lambeu
ou derramou no chão memória
Agora resta saber se virá um dia
num pote no final do arco
da tua íris ou no barco
em que é preciso navegar
um fortuito encontro ou lugar
em que a paisagem insaciada
pela beleza da boca molhada
se transforme em mar agitado
ou em represa que arrebenta
e que uivando se reinventa
toda hora em todo lugar
e um poema não foi publicado
a sua carne mais branca
amassada de travesseiro
esperando a tinta do desejo
quedou-se na lata de lixo
da inutilidade simbólica
Os orgasmos abandonados
na prateleira mais alta
dos sons animalescos
esqueceram de existir
Os cheiros da importância
do outro na existência do eu
a vaca do tempo lambeu
ou derramou no chão memória
Agora resta saber se virá um dia
num pote no final do arco
da tua íris ou no barco
em que é preciso navegar
um fortuito encontro ou lugar
em que a paisagem insaciada
pela beleza da boca molhada
se transforme em mar agitado
ou em represa que arrebenta
e que uivando se reinventa
toda hora em todo lugar
11 de junho de 2012
Vejo epifanias onde pifam os carros
Vejo as dragas e os dragões na lama
Dos rios mortos que cortam a cidade
Vejo maldade nos olhos abandonados
Das crianças cosidas nas calçadas
E um maldar contínuo nos corpos
Benevolentes e frios das sacerdotizas
Da noite carnívora que abandona
Os fracos abraçados à solidão
E faz sorrir árvores de natal
Vejo descalças as calçadas da fama
criatividade e lama na raiz do mundo
Por isso me escondo nas fendas
E sonho com as partes de mim
Que sacrifiquei em busca de paz
Vejo as dragas e os dragões na lama
Dos rios mortos que cortam a cidade
Vejo maldade nos olhos abandonados
Das crianças cosidas nas calçadas
E um maldar contínuo nos corpos
Benevolentes e frios das sacerdotizas
Da noite carnívora que abandona
Os fracos abraçados à solidão
E faz sorrir árvores de natal
Vejo descalças as calçadas da fama
criatividade e lama na raiz do mundo
Por isso me escondo nas fendas
E sonho com as partes de mim
Que sacrifiquei em busca de paz
9 de junho de 2012
Quero pensar nas palavras
que não tenho nos bolsos
nas palavras cegas que tateiam
na minha garganta
criando pigarros na busca de luz
nessas palavras órfãs do medo
abortadas e reengolidas
com sapos e sapiência
Quero pensá-las de lado
Como uma musa gorda
De Rafael ou Boticelli
Expondo seu corpo
Imenso de prazer e sombras
E colocá-las junto às flores
Na cesta com outras mortes
Quero espremê-las na glote
Torcê-las no ventre
Antes que se tornem gemidos
Expulsá-las dos ouvidos
até que não se possa cogitar
os motivos que têm para continuar
insistindo em existir
que não tenho nos bolsos
nas palavras cegas que tateiam
na minha garganta
criando pigarros na busca de luz
nessas palavras órfãs do medo
abortadas e reengolidas
com sapos e sapiência
Quero pensá-las de lado
Como uma musa gorda
De Rafael ou Boticelli
Expondo seu corpo
Imenso de prazer e sombras
E colocá-las junto às flores
Na cesta com outras mortes
Quero espremê-las na glote
Torcê-las no ventre
Antes que se tornem gemidos
Expulsá-las dos ouvidos
até que não se possa cogitar
os motivos que têm para continuar
insistindo em existir
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