cada olhar que você colher,
virá com sua dose de veneno
virá no sereno clandestino
virá de um menino
cuja imaginação floresce no seu seio
virá querendo o muito e mais meio
virá trazendo um tsunami
de palavras não ditas
virá das desditas
daquelas que acham que ao cegar
um passarinho terão seu canto só pra si
daqueles cujo olhar
cego de solidão
já não tem outra razão
senão a busca
virá desta brusca
contradição que é o desejo
irá como um beijo
Este é um blog de poesia. Mas, como o título indica, não de poesia comportada e/ou confessional que existe pelaí... Nada temos contra esse tipo de poesia, mas queremos provocar o "Pô!?" nos que nos lêem. Aquele ângulo irreverente... aquela resposta desconcertante... é isso, uma poesia que, sem surpresas, tenta ainda surpreender... Se conseguirmos, tudo bem. Se não, ao menos tentamos (e nos divertimos). Se gostou, una-se a nós. Siga o blog, comente e divulgue. Arte ao fundo de Francisco Mibielli
23 de fevereiro de 2012
19 de fevereiro de 2012
Hoje não sinto vontade de montar nesse velho pangaré que é o mundo. As beiradas me chamam para o café da manhã com possibilidade de queda. Minha sina transborda os poros e sou só eu esticado no curtume das horas. Quero gritar seu nome, mas minhas cordas vocais ocupadas sustentam criticamente as mentiras que preciso esquecer. Paraísos artificiais me acossam num espaço tempo sem travas e eu preciso procurar um banheiro com um pouco de racionalidade. É a ditadura do corpo, perdendo erres e me fazendo dar etílicos mergulhos no idílico de nossas memórias. Já não preciso disfarçar minhas quedas abrindo as asas como um pavão apavorado. No desarrumado da solidão, esqueci Ariadne me esperando, sentada, nua, na sala. Pensei empenhar minha sanidade na Caixa Econômica; comprar aveia e um paraquedas. Ainda estará lá, a doce Ariadne? Alguma coisa se embaraçou no meu pé; acho que vou cair de novo. Preciso cortar algo; a linha, as cordas, tudo o que disse é verdade. Tudo o que sou despenca das cordas vocais, num banheiro fétido, quebrando as asas. Acho que Ariadne vai ter que esperar na caixa econômica onde deposito minha solidão em poupança. É inútil lutar contra a queda. Com juros e correção posso emendar a corda, seguro a xícara, as rédeas, as cordas vocais, ou a beirada? A queda parece cair de moda de tão demorada. Você e Ariadne na sala desembaraçando as asas. O pangaré cheira mal como a memória.
15 de fevereiro de 2012
Já volto para teus braços virtuais
para nossa imagem desvirtuada
copulando com a ausência vigiada
já volto para exibir meu desespero
e te fazer sentir cada teclada
como a intensidade do vazio
já volto para ser astro das madrugadas
no ecrã da redenção cibernética
efeméride de almas desnu/dadas
já volto para exibir o talento bruto
dos gestos e fantasias extropiadas
cuja pele real lateja em polpa e fruto
para nossa imagem desvirtuada
copulando com a ausência vigiada
já volto para exibir meu desespero
e te fazer sentir cada teclada
como a intensidade do vazio
já volto para ser astro das madrugadas
no ecrã da redenção cibernética
efeméride de almas desnu/dadas
já volto para exibir o talento bruto
dos gestos e fantasias extropiadas
cuja pele real lateja em polpa e fruto
14 de fevereiro de 2012
quero passar o carnaval em você
e confete e serpentina
na sua pele morena
que no salão desatina
de tanto querer
Quero passar o carnaval em você
Para que ele fique escorrendo
e deixe o seu mundo dançando
fazendo cair as máscaras
libertando o viver
quero passar o carnaval em você
com fator cinquenta ou mais
que é pra lhe deixar em contradição
entre o protegido e o exposto
neste mundo do vir a ser
quero passar o carnaval em você
do jeito dos loucos dos brutos
num baile sutil de recônditos
obedecendo ao princípio solene
de depois lhe desconhecer
quero passar o carnaval em você
na sua fantasia
na sua alegria
nesse nosso dia-a-dia
de endoidecer
e confete e serpentina
na sua pele morena
que no salão desatina
de tanto querer
Quero passar o carnaval em você
Para que ele fique escorrendo
e deixe o seu mundo dançando
fazendo cair as máscaras
libertando o viver
quero passar o carnaval em você
com fator cinquenta ou mais
que é pra lhe deixar em contradição
entre o protegido e o exposto
neste mundo do vir a ser
quero passar o carnaval em você
do jeito dos loucos dos brutos
num baile sutil de recônditos
obedecendo ao princípio solene
de depois lhe desconhecer
quero passar o carnaval em você
na sua fantasia
na sua alegria
nesse nosso dia-a-dia
de endoidecer
2 de fevereiro de 2012
Não tenho onde ir
Sem me levar junto
As coisas parecem não querer
Minha pele já ressequida
Meus seios já murchos
de alimentar lembranças
mas preciso seguir
o caminho das esquinas
preciso sentir sua aguda
mudança de rumo
Sigo sonhando o sumo
da memória
e como se a história
pudesse ser contada ao contrário
termino no ovário
que primeiro me expulsou
encerrando o ciclo onírico de fatos
desencontrados e obscuros
que me carregam através dos dias
Agora o tempo pode parar
para que eu comece a viver
como sempre achei que seria
Não tenho onde ficar
sem me quedar
junto
Sem me levar junto
As coisas parecem não querer
Minha pele já ressequida
Meus seios já murchos
de alimentar lembranças
mas preciso seguir
o caminho das esquinas
preciso sentir sua aguda
mudança de rumo
Sigo sonhando o sumo
da memória
e como se a história
pudesse ser contada ao contrário
termino no ovário
que primeiro me expulsou
encerrando o ciclo onírico de fatos
desencontrados e obscuros
que me carregam através dos dias
Agora o tempo pode parar
para que eu comece a viver
como sempre achei que seria
Não tenho onde ficar
sem me quedar
junto
1 de fevereiro de 2012
Triste é o sino
Que já não dobra
Pela sina que queria
Triste é a romaria
De imagens projetadas
Na tua pele
Triste é quem não apele
Para o fim do poço
Pensando no moço
Que deixou acolá
Entre xangrilá
e a lembrança
Triste é Sancho Pança
Sem seu lugar no mundo
E aquela lança
De moer moinhos
Tristes são seus caminhos
Sem a loucura de decompor
Gigantes e versos
Triste são os travessos
Que já não podem
Te ver na janela
Triste é restar
Na panela
poema para Bella, outra poeta linda de tirar o folego, a partir do seu poema "Janela" publicado no face e no seu blog http://isabella-coutinho.blogspot.com/.
JANELA
triste é a sina
de quem chora
não ter o que não sabe
triste é a sina
de quem chora
ter o que não sabe
triste é a sina que
demora
e o momento urge
triste é a sina que
com o tempo melhora
e passa últil
conformidade
triste é a sina que
aparenta paisagem
e é apenas um quadro
na parede sem
janela
BELLA
Que já não dobra
Pela sina que queria
Triste é a romaria
De imagens projetadas
Na tua pele
Triste é quem não apele
Para o fim do poço
Pensando no moço
Que deixou acolá
Entre xangrilá
e a lembrança
Triste é Sancho Pança
Sem seu lugar no mundo
E aquela lança
De moer moinhos
Tristes são seus caminhos
Sem a loucura de decompor
Gigantes e versos
Triste são os travessos
Que já não podem
Te ver na janela
Triste é restar
Na panela
poema para Bella, outra poeta linda de tirar o folego, a partir do seu poema "Janela" publicado no face e no seu blog http://isabella-coutinho.blogspot.com/.
JANELA
triste é a sina
de quem chora
não ter o que não sabe
triste é a sina
de quem chora
ter o que não sabe
triste é a sina que
demora
e o momento urge
triste é a sina que
com o tempo melhora
e passa últil
conformidade
triste é a sina que
aparenta paisagem
e é apenas um quadro
na parede sem
janela
BELLA
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