24 de setembro de 2011

Já mordi tua ausência
de fazer sangrar a gengiva
mas não pude manter viva
a minha solidão

23 de setembro de 2011

como se a noite fosse desculpa
ela se descascou da memória
e foi roçando de par em bar
a pele da desconfiança
no veludo dos sussurros
até que só restasse
no copo dos seios
um desejo de explosão e morte
típico dos que vão rebrotar

5 de setembro de 2011

hoje é como se ontem fosse
e não houvesse nada a cogitar
hoje não tenho navios piratas
nem novas sonatas a inventar

algo deu errado no botão de emergência
e o tempo continuou rolando
como se esta fosse a sua essência

1 de setembro de 2011

é...

É na poesia que sigo teus passos
E com ela me torno mais palavra
Menos honra e penso e existo
Como se o logo fosse anormal
E o agora não importasse a ninguém

É na poesia que sou menos conseqüente
E consequentemente me sinto todo
Como se sente alguém que se pertence
Pertencendo a outrem

É na poesia que me sinto mais amargo
E me reprovo a todo instante
Para saber se meu gosto pode variar
De acordo com a presença alheia

É na poesia que não durmo de noite
Esperando que me venham buscar
Numa ambivalência cuja sirene
Fique gravada para sempre nos ouvidos
Daqueles que têm certezas