22 de dezembro de 2010

Ela estava ali
Viva
Parada com uma samambaia emoldurando
Meio mona
Meio lisa
O olhar embutido no mistério
Do sorriso quase casto
e gasto pelo desejo
dela dos outros dos votos
e lampejos
era quase abjeto
O sorrir dentro daquele quase sorriso
Como se ninguém mais soubesse
A sensualidade que há
Na ausência de insinuações
Na atitude reta
De quem não pode ser injuriada
Apertada
Surrada
Perdida
eternamente
No olhar do fotógrafo

15 de dezembro de 2010

Poema de sete fauces

quando nasci um anjo torta
desses que vivem nas sobras
disse vai roberto
ser gordo na vida

11 de dezembro de 2010

O tempo rouge
Nas faces do desespero
Esperar a prima vera
Como se as verdades iniciais
Se ocultassem nas saias
E no cheiro da flor
Que ela traz escravizado

O tempo rouge
Moulin de lembranças
E versos travessos
Ocultar-se no escuro
Ainda que de aluguel
E dormir o sono justo
Do paraíso recuperado

O tempo rouge
Vermelho maquiado de sons
As batalhas se sucedendo
Aos fatos embaralhados
Não há gigabites suficientes
Para trágicas memórias
O tempo agora é pardo

O tempo ruge
Nas faces do poeta
Nem semelhantes nem
Estranhos caminham ao redor
Só febre e uma pandora doce
Entoando cânticos nefastos
Todo o amor é tardo