Não me entenda mal
Eu sou normal
A norma é que é
Idiota
A minha cota
de institucionalidade
não me permite
ser muito diferente
dos demais
mas
para seu infortúnio
hoje acordei meio
barata, meio K
e tudo o que você disser
a respeito
só poderá ser usado
contra você mesmo.
Este é um blog de poesia. Mas, como o título indica, não de poesia comportada e/ou confessional que existe pelaí... Nada temos contra esse tipo de poesia, mas queremos provocar o "Pô!?" nos que nos lêem. Aquele ângulo irreverente... aquela resposta desconcertante... é isso, uma poesia que, sem surpresas, tenta ainda surpreender... Se conseguirmos, tudo bem. Se não, ao menos tentamos (e nos divertimos). Se gostou, una-se a nós. Siga o blog, comente e divulgue. Arte ao fundo de Francisco Mibielli
24 de setembro de 2009
entalhe
Para que viver
um grande amor,
Este prato imundo
Onde se come sempre
A mesma comida?
Pra sonhar com outros maltrapilhos
Arrancando a tigela
Das suas mãos trêmulas?
Pra viver um êxtase
Contínuo de opiômano do mesmo
Nargilé cujo vapor
Nunca parece suficiente?
Para subir nas montanhas
E montes de Marte
Em Vênus e não poder
Respirar direito?
Para esquecer que existem
As próprias entranhas
E Prometê-las aos deuses
e corvos eternamente
em troca de um fogo que se abranda?
Não, prefiro a solidão
Que me é natural.
Prefiro o carnaval
Da cara desconhecida
Deliciando-se da ferida
Deixada pela vampira anterior
Prefiro a dor
De me sentir contente
Só pra não ter gente
De verdade me dizendo
Como é lindo não
conseguir dizer o que sente
Prefiro o vazio
De ser sugado
Até o último detalhe
E o entalhe
Na parede
Pra não perder
A conta.
Mas se tudo isso
For muito absurdo
Prefiro ficar mudo
E não fazer nada
Por que o fim
É sempre o mesmo
um grande amor,
Este prato imundo
Onde se come sempre
A mesma comida?
Pra sonhar com outros maltrapilhos
Arrancando a tigela
Das suas mãos trêmulas?
Pra viver um êxtase
Contínuo de opiômano do mesmo
Nargilé cujo vapor
Nunca parece suficiente?
Para subir nas montanhas
E montes de Marte
Em Vênus e não poder
Respirar direito?
Para esquecer que existem
As próprias entranhas
E Prometê-las aos deuses
e corvos eternamente
em troca de um fogo que se abranda?
Não, prefiro a solidão
Que me é natural.
Prefiro o carnaval
Da cara desconhecida
Deliciando-se da ferida
Deixada pela vampira anterior
Prefiro a dor
De me sentir contente
Só pra não ter gente
De verdade me dizendo
Como é lindo não
conseguir dizer o que sente
Prefiro o vazio
De ser sugado
Até o último detalhe
E o entalhe
Na parede
Pra não perder
A conta.
Mas se tudo isso
For muito absurdo
Prefiro ficar mudo
E não fazer nada
Por que o fim
É sempre o mesmo
10 de julho de 2009
pontezinha
Vou pular da ponte
Da memória
E me estatelar
Nas incertezas
Do asfalto cru
Do caminho
Vou pular a ponte
Da memória
E me projetar
Nas incertezas
Do asfalto cru
Do caminho
Agora que pulei
E percebi o quanto
A ponte é baixinha
Me pergunto esfolado
Pra que lado ir
Pontezinha?
Da memória
E me estatelar
Nas incertezas
Do asfalto cru
Do caminho
Vou pular a ponte
Da memória
E me projetar
Nas incertezas
Do asfalto cru
Do caminho
Agora que pulei
E percebi o quanto
A ponte é baixinha
Me pergunto esfolado
Pra que lado ir
Pontezinha?
2 de julho de 2009
O medo
Não é da morte
em si
é mais
de descobrir-se
Só
O medo
Não é da solidão
em si
mas da dos outros
que devora a nossa
sem piedades
O medo
Não é dos diálogos
Em si
Mas de não ter
O que dizer
depois
O medo em fim
Limite da paixão
Não é de mim
Mas de um mundo
raimundo
E sem solução
Mibielli jul2009
(Oqueéoqueé: os dentes batem, a gente chia, cicia, sussurra e geme)
Não é da morte
em si
é mais
de descobrir-se
Só
O medo
Não é da solidão
em si
mas da dos outros
que devora a nossa
sem piedades
O medo
Não é dos diálogos
Em si
Mas de não ter
O que dizer
depois
O medo em fim
Limite da paixão
Não é de mim
Mas de um mundo
raimundo
E sem solução
Mibielli jul2009
(Oqueéoqueé: os dentes batem, a gente chia, cicia, sussurra e geme)
28 de maio de 2009
vendo um homem
Vendo um homem charmoso
Um pouco passado
Mas embrulho pra presente
Vendo um homem tisnado
A carne crua
O peito aberto
A safena com pedágio
Vendo um homem
Quase carente
Ausente de más intenções
Querendo as boas
Vendo um homem
Completo
Em estado de novo
E outra vez
E novamente
Vendo um homem gratuito
Em parcelas módicas
Primeiro a boca
E os bigodes
Depois os moldes
E as idéias
Vendo um homem difícil
Mas se você
Não tiver todo o capital
Eu alugo.
Um pouco passado
Mas embrulho pra presente
Vendo um homem tisnado
A carne crua
O peito aberto
A safena com pedágio
Vendo um homem
Quase carente
Ausente de más intenções
Querendo as boas
Vendo um homem
Completo
Em estado de novo
E outra vez
E novamente
Vendo um homem gratuito
Em parcelas módicas
Primeiro a boca
E os bigodes
Depois os moldes
E as idéias
Vendo um homem difícil
Mas se você
Não tiver todo o capital
Eu alugo.
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